.........Foi num final de inverno, que nasceram, numa cidade do interior, duas gauchinhas. Alegria em dobro. Preocupação, também. Elas eram filhas de um casal de moradores de rua, selecionadores de papel. Quatro pessoas envoltas num círculo de miséria. Situação desfavorável à educação das crianças, agravada por uma síndrome.
.........Um líder propôs, aos Pais, que ambas
fossem morar no Orfanato. Até melhorar a situação. Para evitar que as gêmeas
sofressem como eles, vivendo na rua, o Pai concordou. Mas, só depois que as
crianças fossem batizadas. Na Igreja Matriz, receberam belos nomes: MARIA
FERNANDA e MARIA VITÓRIA.
.........Como é bonito quando um Povo valoriza o
Orfanato! Quando investe numa Instituição de Caridade! Quando sabe o valor da
APAE! As meninas foram crescendo com alimentação saudável. Com educação
cuidadosa. Com bons exemplos. Faltava, apenas, uma família amorosa, uma casa
bem bonita, um pouco de esperança.
.........A Irmã Diretora sabia que “a família é a
célula mãe da sociedade”. Trabalhava para que as Alunas fossem adotadas ou
contratadas. Na semana do Natal, levou as pequenas para conviver com famílias
de boa vontade. Ao realizarem exame médico, as gêmeas foram contra-indicadas
para adoção.
.........A Diretora ficou triste. Estava ansiosa
para dar uma oportunidade a elas, agora com três anos. Seguiu em frente e
exclamou: “Que os Anjos resolvam!” Tinha a esperança de que uma alma boa
compreendesse a realidade delas ... Lembrou-se do Papa FRANCISCO: “... nenhuma
criança sem lar ...”
.........A MARIA FERNANDA foi passar o Natal na
casa da GABRIELA. A Dona da residência estava de cama, com depressão. Mas, ao ver a criança, gostou muito dela: era
alegre, engraçada, brincalhona ... O coração de Mãe falou mais alto. Recomeçou
a vida. A pequenina não tinha nada para oferecer, mas, sem querer, deu uma
razão para viver.
.........A patroa apresentou um plano para adotar
a guria. Algumas filhas foram contra. A síndrome ... era desconhecida! Mas a
Mãe da GABRIELA estava determinada. Otimista. Naquela família religiosa, um
argumento foi decisivo: a MARIA FERNANDA tem o direito de viver! O Sol nasce
para os especiais, para os pobres, para os pássaros ... O Sol nasce para todos!
.........Foi adotada, em fim, por uma equipe madura.
Ela une a família. Interage com todos. Alegra a casa. Vaidosa, faz poses para fotografias. Faz de tudo um pouco, embora
devagar. Na Missa da noite, orgulhosa, leu uma Carta do SÃO PAULO ... Em
setembro, foi realizada uma emocionante festa de aniversário: 15 anos! Com
orações e sorrisos, ela encontrou uma família amorosa. Olhares perdidos nas
janelas do Orfanato ficaram na lembrança ...
.........O médico que previu vida curta para as
gêmeas compareceu. Disse que a MARIA FERNANDA tinha muita vontade de viver. E
que foi feita a vontade de DEUS ... O BRASIL não precisa de super-homens.
Precisa de homens felizes. Em atenção a corações humildes, para DEUS tudo é
possível ...
.........A MARIA VITÓRIA passou o Natal em lar
abastado. Ficou encantada. Recebeu pouca atenção. Estavam se preparando para
viajar. Não houve interesse em adotar a gauchinha. Por causa de uma síndrome,
foi discriminada sem saber. Buscam olhos azuis. Que não garantem a nobreza de
caráter de um homem ... Para ela, foi triste saber que havia dois quartos
sobrando naquela casa! Não é a primeira vez, que a vida fica esquecida num
canto. A criança conheceu a elegância, mas não o amor!
.........Numa Instituição quase centenária, a
MARIA VITÓRIA, sofrendo saudade da Irmã gêmea, era vista, trajando azul,
brincando no gramado da frente, olhando, ansiosa, o portão da Avenida. Quem
sabe sofrer? Quem sabe esperar?
.........Mas era um coração que não sabia esperar
... Esperando ser escolhida por uma família bem bonita, vestindo rosa claro,
ainda pequena, morreu de tristeza ... numa janela do Orfanato ...
.........(
Baseado em fatos reais )
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