sexta-feira, 23 de outubro de 2020

  Cap. 4 - A SOBRIEDADE

       Lágrimas e Sorrisos

.........Em BRASÍLIA, no Parque da Cidade, a EXPOSIÇÃO DO EXÉRCITO é visitada por milhares de pessoas. O Teatro do Soldado continua fazendo muito sucesso. E revelando artistas talentosos, como o Sargento PINCEL 2. Os militares, entusiasmados, ampliam as artes cênicas para o Colégio Militar e outros quartéis do Distrito Federal. O Teatro educa. Há roteiros montados depois da Segunda Guerra Mundial (“Eu Sou a Noite”). Seguindo o Sistema de Excelência Gerencial, o Capitão BONDOSO e seus amigos buscam melhorar os recursos humanos. Roteiristas, locutores, tradutores e artistas são escolhidos com esmero. Vale a pena. O Soldado aprende. A criança ri. O público agradece. Aplaude, às vezes de pé... O Comandante teve o cuidado de preparar reservas para as funções mais importantes. O Coordenador empenha-se em ampliar as instalações do Teatro. O da POUPEX, no SMU, já está pronto. É palco de espetáculos emocionantes. Todos ajudam. O Subtenente CENTURIÃO, mesmo com limitações auditivas, faz gestões no sentido de conseguir materiais adequados e uma cortina de alta qualidade...

.........Na Companhia Comando, enquanto o Sargenteante procura manter-se informado, por intermédio da leitura do Jornal PARANOÁ, surge um Soldado: “Permissão, Sargento GARCIA!” O Sargenteante solicita ao jovem para apresentar-se, como o Tenente ensinou na Instrução Militar. O Recruta, então, apresenta-se: “Soldado 51 – BRAMILDO – de SAMAMBAIA – DF... Eu trouxe uma revista para o Capitão. Sei que ele gosta de ler...” Sem perceber que ele está alcoolizado, o Sargento GARCIA autoriza o BRAMILDO a entregar a revista. O 51 vai meio cambaleando até o Posto de Comando (PC). Exclama: “Capitão, chegou a Revista ISTO ÉPOCA!”. Tenta entregar, mas não consegue. O Capitão BONDOSO percebe que seu subordinado está alcoolizado. Chama o Sargenteante. Indignado, ordena: "GARCIA, o BRAMILDO está com o mesmo problema daquele dia. Leve-o à Enfermaria do Batalhão. Entregue-o à Tenente ASPIRINE. Diga para ela vir falar comigo.”.          

.........À chegada de uma das melhores médicas da Unidade, o Capitão resume o seu plano: “Dra ASPIRINE, o Soldado BRAMILDO embriagou-se novamente. Faça um contato com a família dele. Vamos fazer uma reunião, aqui no PC, amanhã às 10:00 horas, com eles. Você também participará. O 51, embora jovem, já apresenta indícios de dependência química. Temos que salvá-lo. É o nosso dever.”. A Médica respondeu: “Sim, senhor, Comandante. Conte comigo. Estou do seu lado nesta caminhada. Se o BRAMILDO aderir ao tratamento, será tudo bem mais fácil...”.

.........No dia seguinte, estão reunidas, no horário marcado, as pessoas que o destino convocou, para resgatar a dignidade de um jovem brasileiro. Convicto e experiente, o Capitão BONDOSO faz uso da palavra: “Amigos, bom dia! Sejam bem-vindos à Águia do Planalto. Comunico a minha decisão em prol do jovem BRAMILDO. Ele apareceu, algumas vezes, com sinais de embriaguez. Motivo de punição ou exclusão. Prometeu parar. Não conseguiu cumprir a promessa. Tentou mudar, sem êxito. Talvez ele já seja dependente. Ficará internado em uma clínica especializada de TAGUATINGA – DF. Quando der alta, será um outro homem. Queremos salvar o Soldado, o profissional. Acredito que, em breve, estará curado. Conto com o apoio dos senhores. Sejam compreensivos. O BRAMILDO será visitado, com frequência, pela Psicóloga do Batalhão. A punição não resolveria. Nem a transferência. Aquela não iria ao cerne. Esta não seria ética. Agradeço de coração por terem vindo. Sei que, hoje, vocês irão até chorar. Mas, quando o BRAMILDO voltar livre do vício e dos maus amigos, irão até sorrir! Muito obrigado a todos!”. O genitor do Recruta, surpreso e emocionado, respondeu: “O senhor pode contar conosco. A intenção é boa. A decisão é inteligente. Ajudarei, no que for possível.”.         

.........A reunião termina. Os pais do jovem se retiram. Retornam para Santo Antônio do Descoberto. A Dra ASPIRINE elogia a Clínica CANAVIAL, do famoso Dr LICOPENO. Volta à Enfermaria. O Comandante visita o subordinado. No caminho, encontra o Soldado MORDÊNCIO, fazendo um lanche, fora de hora. Revela preocupação com as condições físicas dele: “Você está mais gordo. Combinamos que iria emagrecer aos poucos. Não desista de controlar o peso. Está pesando quanto?”. O jovem respondeu: “98 quilos, Comandante.”. Insatisfeito com a falta de resultados, o BONDOSO prosseguiu: “Não está bom. Marque uma consulta com a Nutricionista, hoje mesmo. Não espere. Se você não melhorar o preparo físico, será reprovado no TAF (Teste de Avaliação Física) e, durante o exercício em campanha (acampamento), poderá cair das cordas. Nos anos anteriores, alguns recrutas fracassaram na Pista de Cordas, sofrendo lesões graves (perna, coluna...). Depende da sua força de vontade, Soldado: a saúde, a segurança, o futuro, tudo... E procure 'morder' menos...”.           

.........Após visitar o subordinado doente, ao retornar ao PC da Companhia, o Comandante encontra o Sargento DOMÊNICO DI PESO, oriundo da bela ITÁLIA, comendo “alguma coisa”. Dentro do programa de intercâmbio militar, o profissional faz um curso de especialização na Capital do BRASIL. Preocupado com o bem-estar do Sargento italiano, o Capitão pergunta: “Como vai, DI PESO? Tudo bem? Falta alguma coisa para os militares estrangeiros?”. Ele respondeu: “A saudade de casa está me atrapalhando. Ganho pouca massa. Não consigo acompanhar os exercícios físicos dos tenentes brasileiros. Eles correm com muita energia. O Comandante do Batalhão proibiu a entrada de vinho no Quartel...”. O BONDOSO prosseguiu: “Olha, amigo italiano, eu fico triste ao ver que você engordou mais um pouco. Quanto está pesando agora?”. O Sargento DI PESO respondeu: “Mais ou menos 101 quilos!” .           

.........Acostumado a lidar com problemas de difícil solução, o Capitão não se deixou abater: “DOMÊNICO, se você não emagrecer, ficará obeso. A obesidade poderá ser um fator de risco de várias patologias: pressão na coluna, entupimento de artérias, diabetes, varizes, insuficiência cardíaca, depressão, limitações profissionais... O obeso é um péssimo exemplo para os soldados. Selecione melhor os seus amigos. Ande com os bons e será um deles. Faça uma reeducação alimentar, orientada pela Nutricionista da Organização Militar. O Comandante está do seu lado, nesta importante jornada. Leve para a EUROPA o meu lema: COM DISCIPLINA, VOCÊ VENCERÁ!”. O Sargento DI PESO emudeceu diante da determinação e do brilho do Oficial Brasileiro. O Capitão BONDOSO retorna ao Posto de Comando. Manda o Sargento GARCIA colocar a Subunidade em forma. Orienta os subordinados e amigos sobre as oportunidades de melhoria.           

ANÁLISE DOS FATOS

.........Foram constatados, hoje, alguns casos de falta de sobriedade. O consumo de bebidas alcoólicas e o consumo incorreto de alimentos provocam doenças graves, perda do convívio social, prejuízos, fracasso profissional, óbito... O homem que não domina a bebida, por ela é dominado. O Bom Soldado nunca perde o controle da situação. Ele tem orgulho de ser o último reduto da honradez. O brilho na carreira militar é privilégio do cidadão sóbrio. O Capitão sabe que seus subordinados que não cultuam a sobriedade estão à beira do abismo. A ponto de tudo perder. O exemplo, a determinação e a ação de comando poderão salvá-los. Na Águia do Planalto, nunca houve lugar para líderes negativos. Estes afastam a felicidade dos Corações Verde-Olivas.

ENSINAMENTOS 

.........O EXÉRCITO DE CAXIAS é um lugar de não-obesos, não-alcoólatras, não-fumantes... A sobriedade não deixa o vício entrar no coração disciplinado do Soldado Brasileiro. “Me digas com quem andas que eu te direi quem és!”. “MEN SANA IN CORPORE SANO” (Mente sadia em corpo sadio!). O Esporte é uma ferramenta eficaz de Sobriedade! Quem consome droga desrespeita a si mesmo! O dependente químico prejudica a sua vida e a de seus familiares!



domingo, 11 de outubro de 2020

 Cap. 3 - A COMPETÊNCIA

       Um Hospital Longe Demais 

.........Na Capital do BRASIL, contrastes se apresentam sem pedir licença. Helicópteros modernos, adquiridos no exterior, cruzam o céu. Nordestinos paupérrimos, com nomes pouco familiares, desembarcam, agora como outrora. Nascidos para votar. Trazidos para votar. Que maldade! No encantador Lago PARANOÁ, lanchas caras deslizam alegres... Uma rádio do Distrito Federal transmite a voz carismática do Missionário R R SOARES... Terá que fazer muitos milagres! Nos gabinetes acarpetados, poderosos exoneram denunciantes. Aplicam do outro lado do mar recursos que deveriam ser aplicados aqui. A prostituição cresce sem parar... no Pistão Sul, nas asas da Cidade... A desigualdade de renda é revoltante. Por quê? Não somos todos brasileiros?  BRASÍLIA está pronta. Falta o homem.
.........Corações verde-olivas, magoados e humilhados, tentam recomeçar. O Batalhão da Guarda prepara-se para receber uma autoridade da EUROPA. Na Companhia Comando, a “Águia do Planalto”, a vida recomeça. No coração dos jovens, bate a saudade e a paixão... Ao Soldado ESTROVALDO só resta cantar:
 

            “CARTAS JÁ NÃO ADIANTAM MAIS 

             QUERO OUVIR A SUA VOZ 

             VOU TELEFONAR DIZENDO 

            QUE ESTOU QUASE MORRENDO 

            DE SAUDADE DE VOCÊ...” 

.........O Sargento de Dia, apressado, entra no pátio da Subunidade: “Dá licença, jovem! Fica aí borboleteando... Capitão, o URI baixou ao Hospital das Forças Desarmadas (HFD)!”. O Capitão BONDOSO, preocupado, quis saber o motivo. O Sargento ARQUIMEDES respondeu: “Desmaiou na Instrução do Aspirante JOÃO FREDERICO!”. “Quero falar urgente com o JOÃO!”, exclamou o Comandante. O Aspirante atendeu ao chamado com presteza. Explicou ao Capitão: “Eu estava ensinando o consumo da nova ração operacional. O URI caiu. Pensou que o álcool gelatinoso era uma espécie de sobremesa...” O Soldado cantor exclamou: “ELE COMEU O FOGAREIRO!”. Compreensivo, o Capitão orientou o subordinado: "Aspirante JOÃO FREDERICO, acompanhe o caso. Temos que salvar esse guri. Daqui a pouco, irei ao Hospital. Mantenha-me informado. Vá à luta. Não perca tempo.".
.........O Comandante da Companhia Comando, de volta ao PC, meio triste e cansado, tenta se distrair lendo a Revista “VEJA QUE HORROR”, editada na CEILÂNDIA.  A leitura foi interrompida pelo Sargento CRACOLDO, Comandante da Guarda: “Capitão, serviço com alteração! O Soldado HESTRU disparou o fuzil. O tiro atingiu o pé do Recruta ANTON. Mandei o motorista da ambulância, Soldado JOÃO BATISTA, levá-lo ao Hospital. Ao manobrar, uma roda da viatura passou por cima da bicicleta do Recruta URI. No caminho, a ambulância furou um pneu. Para complicar tudo, a viatura 'se atolou-se'. Ou seja: atolou as rodas da frente e as de trás! O motorista, com a mão lesionada, não conseguiu trocar o pneu. A Tenente examinou o pé do ANTON. A bala atingiu, apenas, o coturno. Voltaram à pé, da Asa Oeste até o Batalhão. O JOÃO BATISTA ficou cuidando a viatura. Não consegue caminhar. Está com problema no nervo 'asiático'.”
.........Pensativo, sem saber por onde começar, o Comandante tratou, inicialmente, de responder ao subordinado e amigo: “Obrigado, CRACOLDO! A tua memória é boa. Como vão as leituras? Que livro tu estás lendo?”. O Comandante da Guarda respondeu: “No momento, não estou lendo nada. Na verdade, estou desmotivado. Fiz concurso. Não fui selecionado. Descobriram que houve venda de vagas...”. O Capitão continuou: “Tudo bem. Treine redação. Procure melhorar o estilo. Agora, amigo, chame o Tenente OSÓRIO EMÍLIO. Reassuma o Comando da Guarda do Quartel.”.
.........Em poucos minutos, o oficial subalterno se apresentou e recebeu a orientação do Capitão BONDOSO: “OSÓRIO, a ambulância fez algumas barberagens. Um Soldado disparou o fuzil. Instaure uma sindicância. Não podemos perder estas oportunidades de melhoria. Coloque toda a Companhia em forma. Preciso falar com os antigos e os recrutas. Nós vamos melhorar. É o meu dever. A imperícia não pode passar em branco. A incompetência prejudica a todos!”.
.........Antes de começar a falar, o Capitão esperou o silêncio total. No uso da palavra, ele sempre foi hábil e caprichoso. Admirado por seus seguidores, não mediu palavras: “Meus comandados! Houve, na manhã de hoje, um disparo acidental de arma e manobras imperfeitas de viatura. Percebi erros de Português. Os militares que me conhecem há mais tempo sabem que estou triste. Numa primeira fase, tomei algumas decisões para evitar que a imperícia volte. Todos nós, juntos, em fases posteriores, iremos aperfeiçoar as decisões. Não quero assustar ninguém, mas os erros de hoje poderiam ter tido consequências trágicas...”.
.........O Soldado ESTROVALDO, espontâneo e ansioso, não se conteve: “O que o senhor quer que a gente faça, Capitão?”. O Comandante continuou: “Acompanhe, jovem cantor, as decisões. Em caso de dúvidas, explicarei no final. Primeira – Foi instaurada uma sindicância. Segunda – Todos os soldados repetirão a Instrução de Armamento. Terceira – Os motoristas farão Curso de Reciclagem. Quarta – Uma Professora do Colégio Militar ministrará aulas de Português. Quinta – Vou coordenar um Sistema de Livros. Objetivo: incentivar a leitura, a redação e o aperfeiçoamento. Sexta – Realização de Concursos de Redação, com bons prêmios. Sétima – Faremos Palestras de Motivação. Oitava – Ofereceremos Cursos de Habilitação. Objetivo: quem sair do EXÉRCITO já terá um ofício. Nona – Aplicaremos Testes Vocacionais para todos. Tenham todos uma boa tarde! Não se esqueçam: estamos diante de uma grande oportunidade... de renascer! Até amanhã! Águia do Planalto, fora de forma, marche!”.
.........O Capitão BONDOSO, primeiro de turma da AMAN, em sua caminhada, encontra o motorista da ambulância seminova, o Soldado JOÃO BATISTA. Indaga-lhe: “O que houve, JOÃO? Por que a viatura não chegou ao seu destino?”. O motorista respondeu: “O Hospital fica longe demais!”.
 

ANÁLISE DOS FATOS 

.........O risco é constante na vida castrense. O perigo é companheiro do militar. Este vive entre a vitória e o fracasso. Segundos de imperícia colocam tudo a perder. O Comandante sabe disso. Ficou magoado com a incompetência desta manhã. Tomou decisões firmes e claras para começar a resolver um problema crônico. Competência é capacidade. É a primeira qualidade que o Soldado observa no Comandante. Nem todos os homens são competentes. Mas, não há líder incompetente. A competência é atributo atingível. Pelo aperfeiçoamento da cultura, da capacidade profissional, do preparo físico e da arte de lidar com as pessoas. 

CONCLUSÃO 

.........O Bom Soldado cultua a competência. Esta reduz os riscos de acidente. Aumenta as chances de vitória. 

.........Todos os homens são bons, mas não para todas as coisas.”. (VICTOR HUGO). 

.........A competência sem autoridade é tão impotente como a autoridade sem competência.” (GUSTAVE LE BON).
.........O pessimista queixa-se do vento, o otimista espera que ele mude e o realista ajusta as velas.” (WILLIAM GEORGE WARD).