.........Fiquei sabendo
que uma residência elegante foi desocupada, colocada à venda. Fui lá ver o
imóvel. Localização privilegiada: próxima ao Shopping... Um gentil colaborador
de imobiliária mostrou-me, calmamente, a confortável casa. Senti tristeza no
ar...
.........Nela, uma
senhora e um cão pequeno residiram por muitos anos. Vi coisas de valor afetivo,
móveis de alta qualidade... Louças, retratos, com pessoas de diferentes idades,
em vários lugares. Porcelanas, pratarias, talheres, livros, mesas, cadeiras, tudo
de classe. Vestidos da alta costura. Sapatos: muito além do necessário! Em
poucos minutos, surpreso, exclamei: “Ela não levou nada!” Pensei: deve estar na
Europa... “Para onde ela foi?” O profissional respondeu: “Empreendeu a
última viagem!”
.........Que triste!
Tantos objetos de bom gosto! Próspera, ela foi chamada no meio do caminho. Não
pôde levar as porcelanas. Nem as fotografias de quem amou... A casa ficou
repleta de bens. Provavelmente, ela doaria alguns, mas não deu tempo... A
Cidade competitiva não enxerga a caridade, só os defeitos... Quem hoje caminha
sabe o que vai levar?
.........Objetos demais
prejudicam a funcionalidade, provocam perda de tempo e acidentes. Cansam as
pessoas... Que lições podemos tirar? Planejar? Definir objetivos? Alguns bens
não podem ser vendidos? Objetos não podem ser doados? Por que a energia tem que
ficar parada? Não é um gesto nobre doar um livro já lido? É inteligente
sacrificar tudo... para acumular bens materiais? Por que não cultuar a bondade?
Para onde o egoísmo levará o homem? Quantas oportunidades perdidas! De colocar
sorriso num rosto triste! De alegrar o coração das crianças da Praça! De tomar
chimarrão com alguém... de orientar um jovem... Não é só o livro que deve
circular... É a energia, a liderança, o otimismo, a bondade, um gesto de bom
humor... a presença de um cidadão verdadeiramente humano! Um homem sincero em
quem o humilde possa confiar... Grandes personagens da História pensaram nos
outros, fizeram caridade, “sem que a mão esquerda soubesse o que a direita
fazia...”
.........Amigo Leitor, diga-me uma coisa: o que podemos levar ao Paraíso? No domingo passado, um Padre me disse: “Nós só podemos levar para o Céu o bem que fazemos na Terra!” Os corações de pedra quedam-se diante da beleza de um ensinamento do PAPA SÃO BASÍLIO: “Ao faminto pertence o pão que conservas. Ao nu, o manto que manténs guardado. Ao descalço, os sapatos que estragam em tua casa. Ao necessitado, o dinheiro que escondeste.”
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