sábado, 13 de janeiro de 2018

Comandante de Fé Robusta


.........Num sábado de manhã, quando eu caminhava pelo Parque Farroupilha de Porto Alegre, parei diante dos monumentos dos patronos. Queria ver a pintura. Havia um jovem universitário em frente ao busto do Patrono do Exército. Ele me perguntou: “E este: quem é? O que ele fez de importante?” Eu respondi: “Ele foi um dos maiores brasileiros de todos os tempos! Eu poderia dar uma aula sobre ele, o único Duque da História do Brasil, mas preciso me exercitar. Se o Amigo quiser, poderei trazer um resumo, no próximo sábado!” – “Sim! Eu quero! Vou fazer um TCC sobre O Brasileiro Luiz!”

.........Luiz Alves de Lima e Silva nasceu em 25 de agosto de 1803 na Fazenda Taquaruçu, em Caxias-RJ. Era filho do General Francisco de Lima e Siva, o Barão de Barra Grande e neto do Marechal-de-Campo José Joaquim de Lima e Silva, Comendador da Ordem de Avis. Recebeu, da Família e do Império, Educação esmerada, alicerçada em valores morais. Ele foi o Cadete mais ilustre da Academia Real Militar, criada em 1811. Instituição que, com o tempo, a ordem e o progresso se transformou na gloriosa Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). Luiz Alves, no posto de tenente, foi o porta-bandeira do Batalhão do Imperador.

.........Para envergar os mais altos cargos militares e políticos do Império, O Soldado Luiz teve que sacrificar quase tudo: o lazer, o conforto, a segurança, a família... Colocando a Pátria acima de tudo, na Batalha de Santa Luzia, em 1842, empregou dois irmãos, sendo um deles o caçula.

.........A farda, numa época de prestígio, escondia longas marchas a cavalo, acampamentos rústicos, a saudade de casa, manhãs frias, onde o Caxias era o primeiro a levantar. O exemplo do Comandante era naturalmente seguido. Conhecedor da Logística e das almas, organizou um Exército Pacificador.

.........Respeitado por amigos e inimigos, participou de seis campanhas militares. Venceu todas! Como líder de batalha, explorou, com inteligência, os princípios de guerra que conheceu na Academia Real Militar. Uma espécie de Napoleão Brasileiro, era inútil tentar  surpreender o Condestável, o Escravo da Pátria.

.........Em 1842, o então Barão de Caxias emocionou a Capital da Província de São Pedro. Assumiu o Comando político e militar e, no terceiro dia, visitou os feridos da Revolução Farroupilha. Sensível, incorporou os negros ao Exército Imperial. Religioso autêntico, era devoto da Nossa Senhora da Conceição. Nas campanhas, conduzia, sempre, um altar móvel com a imagem da Santa, que sua querida Mãe ensinou amar.

.........Em 1845, pacificou a Família Brasileira, em Ponche Verde-RS.

.........Em 18 de junho de 1862, uma doença levou o seu único filho homem (Luiz), homônimo, aos 14 anos de idade, quando Aluno do Colégio Dom Pedro II. Era o fim de um sonho, de um projeto, de uma esperança... O Pai Soldado ficou inconsolável, com a chegada de lágrima que o tempo não sabia secar... De onde tirar forças? Talvez outro Comandante pudesse ocupar o seu lugar. Mas não foi isso que o destino quis.

.........Em 1863, Caxias adaptou a doutrina do Exército de Portugal à doutrina do Exército Brasileiro, colaborando para a vitória na Guerra do Paraguai.

.........Foi justamente ele quem escreveu uma das mais belas páginas da História do  Brasil. Na Guerra do Paraguai, em terreno desfavorável, numa situação dramática, em Itororó, arrastou o Exército Brasileiro, ao bradar com energia, com a destra empunhando espada invicta: “Sigam-me os que forem brasileiros!”

.........Antes de findar a Guerra da Tríplice Aliança, contra Solano Lopez, o Duque, ao chegar ao Porto do Rio de Janeiro, não escondeu os olhos marejados: nem todos entenderam a sua decisão de Estadista de não invadir Assunção. O Estrategista nunca esquece a Paz que se quer depois.

.........O General Luiz Alves de Lima e Silva era sadio e enérgico. Soldado por vocação, prestou mais de 60 anos de relevantes serviços ao Brasil. Em seu Coração de Soldado, vigoraram virtudes admiráveis: Bravura, Coragem, Abnegação, Honra, Devotamento, Solidariedade, Integridade, Fé Robusta...

.........Em seu Testamento, o Pacificador revelou Humildade: “Logo que eu falecer deve o meu testamenteiro fazer saber ao Quartel General, e ao ministro da Guerra que dispenso as honras fúnebres que me pertencem como Marechal do Exército e que só desejo que me mandem seis soldados, escolhidos dos mais antigos, e melhor conduta, dos corpos da Guarnição, pra pegar as argolas do meu caixão...” Ao fazer uso da palavra, no Senado do Império, surpreendeu a vaidade: “A minha espada não tem partido! Tirem-me meus generais, mas não me deixem sem meus Capelães!”

.........O hábil organizador de vitórias empreendeu a última batalha em 07 de maio de 1880, aos 76 anos de idade, na Fazenda Santa Mônica, Valença – RJ. Seu corpo foi transportado por Soldados de bom comportamento. Encontra-se, com os restos mortais da esposa, a Duquesa de Caxias, Ana Luiza Carneiro Viana, no Pantheon situado em frente ao Palácio Duque de Caxias, no Rio de Janeiro-RJ. O Exército preservou o altar portátil, usado por Caxias para assistir missas em campanha. Encontra-se no Mosteiro de Santo Antônio, no Largo da Carioca, Rio-RJ. Por um Decreto de 1932, o Marechal foi consagrado Patrono do Exército Brasileiro.

.........Oradores emocionados, nos quatro cantos da Pátria, buscaram delinear os contornos do Grande Estrategista:

- O Pacificador
- O Maior Soldado do Brasil
- O Filho Querido da Vitória
- O Duque de Ferro e da Vitória
- General Invicto
- O Wellington Brasileiro...
- E o Povo, carinhosamente, batiza de Caxias o Cidadão de exemplar desempenho.

.........No momento em que o Povo Brasileiro precisa dar um passo estratégico, é mister volver os olhos para um coração sincero, coberto de glórias. A personalidade de fé robusta do Pacificador foi decisiva nas negociações de paz. Evitou derramamento de sangue. Manteve o Brasil unido, católico e pacífico. Era um negociador honrado e confiável. A História virou mais uma página. O exemplo do Patrono do Exército  aponta para um novo amanhecer.


EXÉRCITO BRASILEIRO
Braço Forte - Mão Amiga

(Agradeço a colaboração do Sr Coronel Cláudio Moreira Bento, do Sr Coronel Juvencio Saldanha Lemos e do Sr Coronel Luiz Ernani Caminha Giorgis).

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