.........Em 1978, durante um exercício do Exército, no inóspito Campo de Instrução de Gericinó, Rio de Janeiro – RJ, o então Capitão Rocha levou alguns militares para dentro da manga de segurança. O Comandante da Bateria Comando do 21º Grupo de Artilharia de Campanha (GAC) – Grupo Monte Bastione, queria rever os Postos de Observação (PO) de Artilharia construidos pela Missão Francesa (Contratada pelo Brasil, após a 1ª Guerra Mundial, para modernizar o Exército). Os PO possuem uma chapa de concreto por cima. São enterrados. E os franceses pediam fogo de Artilharia ... sobre eles mesmos! Entusiasmado, o Capitão não parava de caminhar. Era possível avistar o Presídio Bangu 1. O Sargento Dionísio, Chefe dos Calculadores, com as pernas assadas, estava exausto. Caminhava com as pernas abertas. Eu, ainda Aspirante, economizava água. Pedi para voltar. O Chefe quis saber o motivo. Disse que estava cansado, com pouca água e longe do Acampamento. E acrescentei: “Estamos chegando no limite do pior!” Serenamente, aquele oficial exemplar, apelidado de Marechal, segundo da Escola de Aperfeiçoamento e futuro General de Divisão, perguntou-me: “Qual é o limite do pior?” E, calmamente, continuou caminhando, procurando relíquias deixadas pelos grandes franceses. Eu, que já estivera com ele, em outros momentos de perigo, como a explosão das granadas da pista, decidi seguir o Líder. Cuidando para não pisar nas granadas falhadas... Se pisasse em alguma, poderia entrar em órbita! Que saudade!
.........Hoje, me lembrei daquelas jornadas juvenis. Eu
queria entender o mundo. Dos Aspirantes que o EB mandou para a Cidade
Maravilhosa, eu era o primeiro. Nesta época de Páscoa, ricos e pobres ficam
sensíveis. Feridas emocionais, às vezes, voltam a sangrar. Alguns cidadãos adoecem. Outros vivem no limite. Como que,
por um milagre, todos concordam: é preciso começar de novo!
.........Um Pai de Família compareceu a uma Escola de Porto
Alegre. Queria entregar um presente ao seu filho, um menino de oito anos.
Estava acompanhado pela Avó do guri. A Diretora não deixou o Pai do Aluno
entrar. Nem ver o filho. Nem ao menos entregar o presente. A autoridade
educacional estava cumprindo uma ordem judicial. Ao pé da letra!
.........O Pai do pequeno Aluno esteve afastado do convívio
social, há meses, por ter sido levado, por líderes negativos, ao mundo da droga. Recebeu pequena dispensa
para visitar os familiares. A cena foi
forte. As professoras, acostumadas a ver o desmoronamento dos lares, não
conseguiram conter as lágrimas. Se dependesse delas, o abraço aconteceria. O
presente seria entregue. Haveria o reencontro. Talvez até o perdão. Mas a Lei é
dura. É fria. Não entende o significado da Páscoa! Nem a Lição de Humildade da Quinta-Feira Santa que, há dois mil anos, se espalha pela Terra!
.........Aquele Pai esperou tanto tempo. Longos dias. Existe
punição maior para um Pai? Não poder ver
o filho amado? Sofre bem mais do que perder a Liberdade! É duro ter que voltar
para casa, de cabeça baixa, com o presente escolhido com tanto cuidado.
.........O Sistema Prisional Brasileiro acredita na
reeducação do punido. E não tem outra alternativa: o levantamento de 2016
apontou um número triste: 726.712 brasileiros estavam presos! 70 vezes mais do
que os brasileiros mortos na Guerra do Paraguai! São vidas humanas! Que esperam
ser salvas! Ninguém erra sempre! Eu tenho um amigo que bebia e já comemora 40
anos de sobriedade! Não há, no Planeta, um só homem que seja herói a vida
inteira! O meu Professor de Direito da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN),
Resende-RJ, me disse: “Mais importante do que a Lei é o bom senso de quem a
aplica.” O homem que, ao julgar, esquece os valores morais, constrói a
injustiça!
.........Antes de entrar no mundo da droga, o homem deve se
perguntar se quer deixar para trás a Família. A droga leva a saúde e a
liberdade. Leva tudo! Voltar é difícil, às vezes, impossível. Provoca sequelas
e invalidez! A culpa não é dos portões fechados! Numa cultura que protege os
poderosos, o culpado nunca deixou de ser vítima!
.........Há casos históricos em que os filhos, mesmo tendo
sofrido injustiças, por parte dos Pais, continuaram perdoando, tendo saudade,
amando... As lembranças dos momentos felizes... Alguém se lembrou de perguntar,
a esse Aluno estudioso, se ele queria receber o presente? Se ele queria rever o
Pai? Se ele ainda ama o Pai? Daqui para a frente, um não irá precisar do outro
para vencer na vida?
.........Retornar do caminho da insensatez é missão quase impossível!
Ser inteligente é não entrar em canoa furada! Quem naufraga é a vida! Não poder
ver o filho na Páscoa é o limite do pior? Não! Não há limite para o pior! O que
não impede o Brasileiro de cumprir o dever!
”Verás que um filho teu não foge à luta!”
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