sexta-feira, 23 de agosto de 2019

O Grande Espetáculo

.........Esta crônica trata sobre a Rua da Minha Infância, a TIRADENTES (SARANDI - RS). Meu filho menor (PEDRO FREDERICO) comprou um cão pequeno, branco. Parece um porquinho. Este canino tem uma importante missão. Diariamente, ele me procura e fica me olhando. Pergunto: "Tu qué brincá cumigo?" Nós brincamos um pouco. E, logo, sigo meu caminho... Quando eu era pequeno, ao perceber que o meu Pai se aproximava, eu perguntava: "Tu qué brincá cumigo?" Ele queria. Quase sempre podia... Com certeza, o Pai (FRIDOLINO) sabia da importância da convivência com os filhos.

.........Nasci na subida da Rua TIRADENTES, próximo à Igreja Matriz N S DE LOURDES, numa casa de madeira amarela. Aos 3 anos de idade, fui morar na esquina da Av 7 de Setembro com a Rua TIRADENTES. A avenida era uma das mais importantes da Cidade. Mas, por ser uma subida, permitia poucas atividades. A Rua TIRADENTES era plana e favorável a trabalhos e brincadeiras diversas.

.........Nos primeiros anos, a Rua, para o lado NORDESTE, era uma trilha, cercada de capoeira. O jardim da Dona ELVIRA e o da Mãe (JOVILDE) atraiam centenas de borboletas. O pomar, construído pelo vizinho (PEDRO PICCINI) era visitado por pássaros belíssimos: saíra-azul, saíra-sete-cores... Nas noites de verão, poucos guris tinham coragem de percorrer a TIRADENTES. É impossível esquecer a festa dos vaga-lumes. Não havia, ainda, iluminação pública. A noite era um grande mistério. A sinfonia dos grilos e sapos dava medo. O céu mostrava todas suas estrelas.

.........O meu pequeno SARANDI, construído próximo ao divisor das águas do RIO DA VÁRZEA e do RIO PASSO FUNDO, era uma espécie de "Norte Selvagem". As estradas eram precárias. Os viajantes sofriam como animais. Os ônibus que passavam na Rua TIRADENTES, oriundos do OESTE do PARANÁ e de SANTA CATARINA, apresentavam sujeira de todos os tipos (pó, lama, vômitos...). Quando os passageiros do "ÁGUIA BRANCA" eram cumprimentados, na Estação, levantava poeira...

.........Eu gostava de jogar bola na calçada. Às vezes, com os amigos, às vezes, com o Pai. Este usava um boné, suspensório, sapato preto. Tudo muito simples. Ele chutava com o peito do pé esquerdo. Gostava de cabecear a bola. Quando eu menos esperava, ele aparecia. Que saudade!

.........Nas chuvas de verão, a Rua TIRADENTES era um ponto de encontro. Eu sabia que era "perigoso" tomar banho de chuva. Eu só ia, se a Mãe autorizasse. Quando ela me autorizava, eu ia para a chuva sem medo. Só eu sei o valor da minha mãe. Ela tinha pouco estudo, mas tinha fé, intuição e empatia. Quando eu fazia aniversário, ela sempre me dava algum presentinho. Pequenos brinquedos. Cavalinhos de plástico coloridos...

.........No campo emocional, a Rua TIRADENTES era um palco, um caminho. Por ela, eu subia para ir à aula, para ir à Missa, para me confessar... Descia, alegre, para ir caçar nos potreiros, nadar na "Curva", pescar no Rio BONITO. Tinha tempo de sobra para procurar uma boa forquilha e pedras de rio para o meu inseparável bodoque.

.........Ao abrir as caixas de brinquedos, vindos do PORTO ALEGRE, junto com meu Pai, eu ficava surpreso, maravilhado... Não tem como esquecer! O homem precisa de tão pouco para ser feliz! Um gesto, um brinquedo, um perdão!

.........A Rua da Minha Infância, volta e meia, era tomada pela tristeza: alguns pais de família, alcoolizados, não conseguiam mais voltar para suas casas. Viviam uma lenta agonia. Morriam um pouco a cada dia. Para o desespero de suas dedicadas esposas. Graças a DEUS, em minha casa, bebida alcoólica não entra!

.........A reforma do CINE GUARANY marcou a nossa infância. O Sr DÂNDALO, principal acionista do Cinema, mandou instalar pastilhas nas paredes. Os guris faziam coleção. Algumas nós ganhávamos. Outras nós "tirávamos". O Sr DÂNDALO, sorridente, fazia de conta que não via nada. Grande alma!

.........Nossa imaginação não tinha limites: com madeira fazíamos armas, ônibus, pequenos caminhões, gaiolas, carrinhos de lomba... Com barro, bonecos, autinhos, pequenos rios... Quando jogava bolitas na terra, nem subia para o almoço.

.........A minha família passou por, pelo menos, dois grandes sustos. Quando eu andava de bicicleta (MONARK aro 26), a correia cortou o dedão do meu pé direito. O Sr CLAUDIO FERRONATO me levou ao Hospital, de caminhão. Quando a minha irmã (LORENA) caiu da escada, no fundo da casa, o Pai levou-a nos braços, correndo, até o Hospital.

.........Na década de 60, fiquei entusiasmado com a candidatura do IVO SPRANDEL à Prefeitura. Escrevi o nome dele nos muros da Rua TIRADENTES..........


.........Situada na Rua da Minha Infância, a Estação Rodoviária foi palco de tantas partidas e tantas chegadas. Não raro, com lágrimas nos olhos... Na TIRADENTES, morou, também, a minha primeira namorada...

.........Aconteceram, naquela época, vários fatos pitorescos. Numa tarde de verão, apareceu um rato grande no meio da Rua. O Pai e o Sr LINO HAHN estavam descarregando um caminhão da Transportadora AURORA. O Pai disse: "LINO, olha o rato!" E o LINO disse: "FRIDOLINO, olha o rato!" E o bicho passou ao lado deles e entre os pés deles.... Não conseguiram pegar o rato. Este voltou ileso para o sistema de esgoto. Mas engraçada e perigosa foi a fuga de um porco. Este seria carneado no terreno de cima, do Sr VITÓRIO PICCINI. Vários guris corriam atrás do porco. Este fugia para o lado da Rodoviária. Decidi ajudar. Quando o porco deu uma travada, na calçada do Cinema, eu me atirei nele. Segurei-o, com as duas mãos. Houve um certo risco. O vizinho foi mordido no braço, perto da veia!

.........Na Rua TIRADENTES, a CASA SANTO ANTÔNIO funcionou durante 31 anos. Tudo dava certo. A casa do meu Pai era abençoada por DEUS.

.........Mas, afinal de contas, qual foi o espetáculo da Rua da Minha Infância? Quem deixou tanta saudade assim?

.........Jogar bola nas calçadas da Cidade ou nos gramados do RIO GRANDE... com o meu Pai... foi o grande espetáculo!

.........Querido jovem! Não deixe teu Pai tomando chimarrão sozinho! Não deixe ele brincando sozinho! Não deixe teu Pai jogando bola sozinho! Ele vai deixar saudade... O Pai é o grande espetáculo!



sexta-feira, 9 de agosto de 2019

O Sucesso do Colégio Militar


........Bom dia, Amigo Leitor! O objetivo deste trabalho é apresentar algumas razões do sucesso do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA). É com alegria e entusiasmo que escrevo sobre Educação.

.........É uma Escola tradicional. Foi fundada em 1881 como “Escola Militar da Província do RS”. Recebeu o nome atual em 1961. Tem por lema “Formando hoje o cidadão do amanhã”. É conhecido, também, por “O Colégio dos Presidentes”. Um Colégio que orgulha os militares e os gaúchos!

.........A educação não se limita às disciplinas. São também cultuados valores importantes, tais como respeito – pelas pessoas, instituições e meio ambiente –, ordem, organização, honestidade, honra, lealdade, responsabilidade pessoal e social, sempre dentro de um clima de amizade e camaradagem. Este fato motiva uma forte e perene ligação afetiva, entre alunos atuais e antigos, com o Colégio Militar.


.........A educação está baseada na harmonia e interação, profícua e constante, entre a Escola,  o Aluno e a Família.

.........Mais de 75% dos seus docentes são mestres ou doutores. O Colégio busca e incentiva, incessantemente, o aperfeiçoamento profissional do seu corpo docente.

.........A estrutura de ensino contempla um criterioso planejamento e organização do ano letivo e das avaliações. A existência de um Serviço de Orientação Educacional, Supervisão Escolar, de Coordenações de Ano, Seções e Subseções de Ensino, uma Seção Psicopedagógica e uma Seção Técnica de Ensino fornece a infra-estrutura que suporta o rigoroso planejamento, organização e condução da educação.

.........As provas trimestrais são elaboradas pelos respectivos professores, mas passam por vários crivos: Chefe de  Seção (Cadeira), Coordenador de Ano, Seção Técnica de Ensino, Subdiretor de Ensino e Diretor de Ensino. No final do processo, a avaliação não é apenas responsabilidade do Professor, senão, do Colégio Militar.

.........A carga horária anual é superior à mínima estabelecida pelo MEC! À semelhança da vida cidadã futura que encontrará após sua formatura, os alunos são submetidos a um sistema meritocrático, onde se destacam os que mais se dedicam e estudam, bem como os que melhor se conduzem dentro dos parâmetros exigidos pelo Colégio. Dentro desse contexto é que existe o Batalhão Escolar, onde os alunos do coral, banda de música, têm uma classificação hierárquica de grau, e a Legião de Honra, para a qual são convidados os que mais se destacam em comportamento, procedimentos e aplicação.



.........Além dos conteúdos disciplinares, são oferecidas ao aluno atividades extraclasse, como modalidades de esporte, xadrez, astronomia, teatro, corpo de baile, clubes de disciplinas e grêmios sócio-recreativos. É incentivada a participação em olimpíadas educacionais, como astronomia, física, biologia, matemática... e em projetos sócio-assistenciais de apoio a pessoas carentes.  

.........A adoção de uniforme para todas as atividades possibilita aos alunos que se destaquem pelo que verdadeiramente são e não pelo que vestem ou ostentam...



.........Alunos, profissionais ou grupos que obtenham qualquer tipo de atuação positiva destacada, intra ou extra Colégio, recebem o reconhecimento do CMPA, por intermédio de destaque em reuniões ou, ainda, a citação em Boletim Interno, no Portal Internet e nas mídias sociais da Instituição.

........Os professores trabalham com 30 alunos em cada sala de aula, possibilitando um melhor acompanhamento e avaliação do processo individual de ensino / aprendizagem.

........O Colégio possui uma excelente infraestrutura de apoio, alicerçada na administração militar. Como integrante do Sistema Colégio Militar do Brasil, beneficia-se da troca de experiências e vivências, educacionais e administrativas, entre os 13 colégios militares que compõe o sistema.

.........A Associação dos Amigos do Casarão da Várzea congrega pais, alunos, antigos alunos, professores, funcionários e amigos do CMPA. Apoia as iniciativas educacionais, sociais e culturais empreendidas pelo Colégio e seus integrantes..

........O Casarão da Várzea traz consigo 107 anos de tradição como Colégio e 136 anos como Escola. Um extenso rol de antigos alunos destacaram-se no cenário nacional, incluindo vários Presidentes da República. Durante esse longo período, forjou-se a tradição de um ensino de excelência, a qual implica em maior responsabilidade para os alunos e profissionais de hoje.
.........Muitos dos profissionais são antigos alunos, o que traz uma relação afetiva,  que potencializa as atividades e relações profissionais.


........Sua área total é de 14.880 metros quadrados, acolhendo mais de 30 salas de aula, cinco laboratórios, biblioteca, anfiteatro, museu, coral, banda de música, seção de saúde completa, agremiações de alunos,  associação de pais e antigos alunos e o Contingente (prédio anexo).


.........O Colégio Militar inicia o ano escolar com cerca de 1.000 alunos! 57% são meninos e 43% são meninas.
.........O ingresso dá-se no 6º ano do Ensino Fundamental e na 1ª  Série do Ensino Médio, por meio  de  concurso público anual, aberto a toda população.


.........O nome “Colégio Militar” deve-se ao fato de ser mantido com verbas do Exército e de sua estrutura ser composta, prioritariamente, por militares, sendo uma escola que ministra a Educação Básica normal no país, com as particularidades previstas na Lei de Ensino do Exército.

.........Seu diferencial consiste no fato de possuir uma proposta pedagógica que o particulariza na busca da educação integral, oportunizando aos alunos a aprovação nos mais rigorosos concursos do País.


.........O objetivo desta é proporcionar uma sólida base em conteúdos disciplinares e preparar o jovem para a vida cidadã, que encontrará ao sair, com todas as suas exigências, em valores morais e afetivos, ordem, disciplina e respeito – tudo dentro de um clima de amizade e camaradagem.

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........Seu corpo docente, constituído por 117 professores militares e civis, está perfeitamente integrado à era do conhecimento e ao ensino por competências, buscando sempre a interação com os alunos, a interdisciplinaridade e a contextualização – características indispensáveis ao momento educacional, que vivemos.

.........Desta forma, os professores do Colégio Militar de Porto Alegre tornam-se os reais facilitadores no processo do “aprender a aprender”, o que, ao final, vem a traduzir-se nos excelentes resultados alcançados por seus alunos.

.........Este curto espaço não permite esgotar tão nobre tema. Espero que as razões supracitadas tenham sido suficientes para delinear os contornos desse sucesso e brilho do CMPA!



Colaboração: Cel Leonardo Araújo e Prof Claudio F Vogt Jr (Ex-Aluno).